CI aprova frente parlamentar para desenvolvimento da navegação

CI aprova frente parlamentar para desenvolvimento da navegação

Comissão de Infraestrutura do Senado aprovou criação da frente, que vai discutir temas ligados às condições de navegabilidade das hidrovias, multimodalidade, além de acompanhar políticas e legislações do setor e execução orçamentária da atividade

A Comissão de Infraestrutura (CI) aprovou, na última terça-feira (9), a criação da Frente Parlamentar para o Desenvolvimento da Navegação Brasileira. A frente tem como objetivo estimular a melhoria das condições de navegabilidade das hidrovias, incentivar o transporte multimodal, acompanhar políticas e legislações do setor, além de monitorar a execução do orçamento voltado à navegação em todo o país.

A proposta busca integrar esforços para modernizar a infraestrutura portuária e hidroviária brasileira, reduzir custos logísticos e ampliar a competitividade do país no comércio internacional. O projeto de resolução do Senado (PRS) 4/2025, de autoria do senador Marcos Rogério (PL-RO), presidente da CI, recebeu parecer favorável do relator, o senador Jaime Bagattoli, da mesma legenda (PL-RO).

Rogério defendeu que o setor aquaviário é estratégico para a economia nacional, responsável por grande parte do comércio internacional e do transporte interno de cargas e pessoas. Para o deputado, a criação da frente representa um passo decisivo para transformar o Brasil em potência global no setor marítimo e fluvial. “O Brasil tem potencial de navegação extraordinário, mas pouco explorado na dimensão total. Esse é o modal mais sustentável, de menor impacto ambiental e energético, e precisa estar conectado com rodovias e ferrovias para se tornar realmente eficiente”, afirmou.

Bagattoli citou a experiência da Hidrovia do Madeira, que desde os anos 1990 mudou a logística de exportação da região Norte. “Esse é um assunto que precisamos discutir com muito cuidado e responsabilidade. Vejo nesse projeto a possibilidade de fortalecer hidrovias e integrá-las à rodovias e ferrovias, garantindo mais competitividade às nossas exportações de grãos, minérios, carnes e outros produtos”, declarou o relator.

Para a advogada Mayra Mega Itaborahy, a frente abre uma possibilidade de endereçar matérias que beneficiem a economia brasileira, o meio ambiente e a sociedade através de uma política específica e integrada, num cenário em que há carências de melhorias na infraestrutura — não só de navegação, mas também dos demais modais.

“Seria ainda mais positiva tal frente, se a sociedade civil se propusesse a participar. Principalmente, empresas de navegação e outros players da indústria naval, tal como autoriza o PRS 4/2025”, comentou Mayra, que é especializada na área de contratos e projetos de infraestrutura e sócia do escritório Murayama, Affonso Ferreira e Mota.

Ela disse à Portos e Navios que todos os temas que não foram objetivamente definidos no decreto 12.555/2025, que regulamentou o BR do Mar (Lei 14.301/2022), trazem insegurança jurídica para o setor. Segundo Mayra, houve temas que o decreto “terceirizou” para o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) ou para a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) sem critérios objetivos legais. “Os temas que foram ‘legislados’ pelo decreto — o que deveria ter sido feito por lei — são também fontes de insegurança jurídica porque podem, a qualquer tempo, serem considerados nulos e sem eficácia”, alertou a advogada.

Fonte: Portos e Navios por https://pcfa.com.br/

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